domingo, 15 de março de 2009

Os mortos

os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos

eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias

Ausentes
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça

sexta-feira, 13 de março de 2009

Soneto 29

Quando, malquisto da fortuna e do homem,
Comigo a sós lamento o meu estado,
E lanço aos céus os ais que me consomem,
E olhando para mim maldigo o fado;

Vendo outro ser mais rico de esperança,
Invejando seu porte e os seus amigos;
Se invejo de um a arte, outro a bonança,
Descontente dos sonhos mais antigos;

Se, desprezado e cheio de amargura,
Penso um momento em vós logo, feliz,
Como a ave que abre as asas para a altura,

Esqueço a lama que o meu ser maldiz:
Pois tão doce é lembrar o que valeis
Que está sorte eu não troco nem com reis.

____________________ ( W. Shakespeare )

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um Primeiro Amar

O primeiro amar sempre foi o sonho. Sonho que deu certo ou sonho que se estilhaçou. Um ímpeto inexperiente e inocente. Visão a uma perfeição a quem nunca experimentou do laço mútuo do auxílio ou de uma amizade avançada. Amor seria exagero. Já pela visão do antónimo disso, de um sofrimento maior ou até mesmo uma experiência mais fluente, a pressa no peito não é mais a mesma, a terremoto do corpo não mais contínuo e o suor nas mãos nem mais presente.

O primeiro amar sempre é incerto, nunca espere o jardim do éden. Pessimismo? Não, isso é o "Real".

Quando se ama por amar não existe amor, isso não se designa amar, nem mesmo paixão. Se você ama de verdade você busca o Por que do fim, agora quando se ama por amar nem mesmo o Mas por que você quer acabar é presente, apenas são ditas palavras frias sem a emoção de antes, talves fosse um sentimento fajuto. Nem sempre as palavras atingem seu objetivo, mas sempre auxiliam e explicam.

domingo, 8 de março de 2009

Soneto 23

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.

________________ ( W. Shakespeare )

sexta-feira, 6 de março de 2009

Soneto 15

Quando penso que tudo o quanto cresce
Só prende a perfeição por um momento,
Que neste palco é sombra o que aparece
Velado pelo olhar do firmamento;

Que os homens, como as plantas que germinam,
Do céu têm o que os freie e o que os ajude;
Crescem pujantes e, depois, declinam,
Lembrando apenas sua plenitude.

Então a idéia dessa instável sina
Mais rica ainda te faz ao meu olhar;
Vendo o tempo, em debate com a ruína,

Teu jovem dia em noite transmutar.
Por teu amor com o tempo, então, guerreio,
E o que ele toma, a ti eu presenteio.

________________ ( W. Shakespeare )

quinta-feira, 5 de março de 2009

Passado Perdido

Caminhei sempre na solidão
Mas você me estendeu a mão
Então me ensinou a amar

Você é a luz que cruzou
Na minha frente
Sinto seu calor tão quente
Que até a mente paralizou

Nem sei ao menos quem sou
Nem ao menos porque me beijou
Só sei que minha memória voltou

Agora sei que te desejo
E sinto mais um beijo almejar
Beijo quente suave a flamejar
Aqui dentro frenesi a palpitar

_____________ ( J. Yokoyama )

quarta-feira, 4 de março de 2009

Amor Temerário

Saiba que te amo
Não apenas com palavras
E sim com todo eu

Saiba que te amo
Não apenas pela sua formosura
E sim pelo todo seu

De mim não vá fugir
Sempre irei te seguir
Para toda eternidade
Com muita vontade

Talvez não te conheça
E tambem não te esqueça
Saiba apenas da verdade
De uma grande realidade

_____________ ( J. Yokoyama )